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O segredo do baú

        Numa pequena vila, na cidade de Esperança, interior do Pará, havia um grande mistério em torno de um velho baú herdado por Seu Jonas, uma das pessoas mais velhas daquele lugar (100 anos). Quando os seus pais morreram, a herança deixada foi apenas esse baú, o que sempre causou curiosidade na vizinhança, que imaginava mil e uma coisas acerca do seu conteúdo.

       Seu Jonas nunca viveu uma vida de ostentação. Era uma pessoa humilde, simples e trabalhadora como qualquer outra, pois exercia a profissão de carpinteiro. No entanto, algumas coisas intrigavam as pessoas da vila, pois Seu Jonas, diferentemente de todos daquele lugar, nunca passava por dificuldade financeira, nunca reclamava da vida e estava sempre de bem com ela.

      Ele foi casado durante 50 anos com Dona Rita, falecida aos 70 anos, acometida por câncer. Era uma mulher linda, que sempre foi colírio para os olhos dos homens daquele vilarejo, muitos dos quais, com inveja de Seu Jonas, viviam a tecer comentários indecorosos a seu respeito.

      O casal teve dois filhos incríveis e que se destacaram naquele lugar, algo que também causava inveja entre muitos. O mais velho, Pedro, formou-se logo cedo, tornando-se médico e se mudando para a capital do país para exercer a profissão, passando um tempo depois a viver na França, onde se tornou um dos médicos mais renomados.

        O mais novo, Augusto, desde criança manifestava um talento muito grande para a literatura, tornando-se escritor e passando a viver no Rio de Janeiro, onde se transformou em um novelista de sucesso.

       Quando Dona Rita ainda era viva, ela e seu Jonas, aproveitando o auge das carreiras brilhantes de seus filhos, conheceram lugares incríveis, tanto no Brasil quanto fora dele, mais uma coisa que causava inveja a muitas pessoas da pequena Esperança. Mas, apesar das condições dos filhos, eles sempre viveram uma vida de simplicidade, sem luxo. E nunca cogitaram se mudar dali, porque amavam aquela cidade.

Algo interessante que acontecia de vez em quando era que, enquanto conversavam em casa, Seu Jonas e Dona Rita costumavam dizer:

       - Graças a Deus que herdamos esse baú.

         O pior é que, em alguns dos momentos em que essa frase era dita, passava pessoas pela calçada e ouvia, o que incitava ainda mais a curiosidade delas, que sempre ficavam na calçada a fofocar sobre a vida alheia e a especular sobre o que havia no velho baú de Seu Jonas.

        Mas o que será que havia de fato naquele baú?

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